quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Atire a Primeira Flor



Quando tudo parece caminhar errado, seja você o primeiro passo certo.

Se tudo parece escuro, se nada puder ser visto, acenda a primeira luz.

Traga para a treva, você primeiro, a pequena lâmpada.

Quando todos estiverem chorando, tente você o primeiro sorriso, não na forma de lábios ardentes, mas na de um coração que compreenda, de braços que confortem.

Se a vida inteira for um imenso não, parta você na busca do primeiro sim, ao qual tudo de positivo deverá seguir-se.

Quando ninguém souber coisa alguma, é você mesmo, corrigindo-se a si mesmo.

Quando alguém estiver angustiado na procura, observe bem o que se passa.

Talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja.

Quando a terra estiver seca, que sua mão seja a primeira a regá-la.

Quando a flor estiver murcha, seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga, a afastar a pétala, a acariciar a flor.

Se sua porta estiver fechada, de você venha a primeira chave.

Se o vento sopra frio, que seu calor humano seja a primeira proteção e o primeiro abrigo.

Se o pão for apenas massa, e não estiver assado, seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.

Não atire a primeira pedra em quem erra, de acusadores o mundo está cheio.

Nem, por outro lado, aplauda o erro.

Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu, dê sua atenção primeiro para mostrar o caminho de volta, compreendendo que o perdão regenera, que é a compreensão edificada, que o possibilita, e que o entendimento reconstrói.

Toda escada tem um degrau, para baixo ou para o alto.

Toda estrada tem um primeiro passo, para frente ou para trás.

Toda vida tem um primeiro gosto de existência ou de morte.

Atire pois, você, com ternura e vontade de entender, quando tudo for pedra, a primeira e decisiva flor...



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